Se eu gosto de ir ao ginásio?
Nunca fui uma criança muito dedicada ao desporto… muito pelo contrário. Nascida nos inícios dos anos 70 (do século passado – e só a mim que ter de esclarecer este pormenor parece estranho?) numa família de classe média, em que se trabalhava mais do que qualquer outra coisa, o desporto nunca foi muito presente.
Sim, havia a natação e o desporto na escola; mas, era basicamente isso. Nunca levado a sério ou na medida que o é actualmente. Portanto, aquela noção de “memória muscular” ou o “corpo pede para nos mexermos” nunca existiu.
Mais: quando por complexão física, tens formas rechonchudas e uns quilos a mais, claramente exercício físico não são as tuas palavras favoritas. Na verdade, a única coisa que gostava mesmo de fazer era de dançar e mesmo essa, não fazia assim tanto porque não é assim tão fácil encontrar pares…
Entretanto, os anos vão passando e percebes que precisas de cuidar do corpinho porque é o único que tens e ainda não inventaram algumas peças para substituição. Por isso, acabas por te inscrever num ginásio. E quando o fazes sozinha (foi sempre assim comigo), tens que rapidamente encontrar formas de controlar a tua cabeça.
Porque é fácil encontrar razões para desistir! E a tua cabeça é especialista em arranjar motivos (sérios e preocupantes) para que não vás! E vais desistindo aos poucos. Então deixou-te aqui os truques que encontrei ao longo destes anos para não desistir e continuar a ir:
Primeiro: recruta alguém nos teus amigos e/ou familiares. Se tiveres companhia, a tua cabeça entende isto como uma razão para ires. Afinal, não vais querer que o/a x pense que tu és uma desistente, certo? E há coisas, como as dores físicas e os recordes de resistência na passadeira que são bem melhores quando partilhados. E ainda te permite alguns momentos de júbilo mental quando percebes que consegues fazer melhor aquele exercício do que a tua amiga que é 10kgs mais magra que tu… Sei que não são os sentimentos mais elevados, mas são realistas!
Segundo: se não consegues recrutar ninguém nas tuas fileiras, encontra novos recrutas. Fala com as pessoas, arranja novos conhecimentos e cria novas relações. Normalmente, as pessoas são animais de hábitos e costumam ser sempre as mesmas às mesmas horas. Então, usa isso a teu favor. Terás parceiros de treino sem eles saberem. E daqui a pouco já estarás a espalhar tapetes no chão da sala para a Y que chega sempre ligeiramente atrasada para a aula de pilates!
Terceiro: cria imagens e metas na tua cabeça. Sempre que sobes para a elíptica, pensa: quantos minutos vais fazer? E quantos metros (ou quilómetros) queres percorrer? Quantos fizeste no último treino? E agora que tens isto presente, começa! E quando chegares ao final, lembra-te de celebrar (só para ti com umas palmadinhas mentais nas costas) o que vês no visor a piscar para ti! Por exemplo, no caso da elíptica, para mim, o mais importante era o passar os primeiros 10 minutos; a partir daí, parecia que os outros 10 eram bem mais fáceis. E eu sei que era apenas na minha cabeça, mas isto funciona. Encontra estas métricas que resultam para ti e aplica.
Quarto (e último): acredita na razão que te fez começar. Seja porque queres ter um corpo de verão (seja lá isso o que for), seja porque precisas por razões de saúde de perder peso ou apenas porque te queres mexer com mais facilidade, recorda-o sempre que treinas. E percebe que estás mais próxima de lá chegar. Por vezes, os avanços são mínimos, mas não importa, são avanços! E ter consciência disso é um dos passos mais importante para ires. Mesmo quando não te apetece! E este também é um dos momentos de celebrar: hoje, mesmo sem te apetecer, foste ao treino e fizeste-o! Boa para ti (momento das palmadinhas mentais nas tuas costas)!
E, acima de tudo, diverte-te com o que escolheres! Que seja alguma actividade que te diz algo. E se não souberes do que gostas, inscreve-te num ginásio que tenha várias alternativas para que possas experimentar e perceber o que te enche a alma (e castiga o corpo)!
Bons treinos!
Cristina Sousa
Consultora IHTP