Gerir emoções em ambientes de alta pressão em recintos desportivos

Gerir emoções em ambientes de alta pressão em recintos desportivos

A Pandemia que recentemente, terminou oficialmente, promoveu uma reflexão muito interessante no que diz respeito a este tema. Algo impensável aconteceu há cerca de 3 anos: ter estádios vazios e pavilhões despidos do seu público.

Será que do ponto de vista dos atletas e técnicos é melhor uma atmosfera intensa, repleta de ruido fervoroso e ação que promova momentos de alta tensão e pressão ou em alternativa será essa insólita realidade vivida há bem pouco tempo, um contexto mais confortável para os atletas ao entrar em campo?
Algo muito estranho, para quem assistiu a esses espetáculos pela TV e acredito que ainda muito mais para os diversos “atores” das diversas modalidades de alta competição que estavam habituados a enfrentar ambientes intensos, tanto de entusiamo fervoroso pela positiva, incentivo à vitória e por outro lado com altíssima pressão face às expectativas dos adeptos que não facilitam quando o resultado não é o expectável.
Para alguns atletas este tipo de ambientes são a “gasolina” que os impulsiona para grandes desempenhos e motiva-os ainda mais a quererem ganhar a marcar golos. A pressão das bancadas, os cânticos dos adeptos, o calor que se gere à volta dos relvados e recintos, motivam ainda mais estes atletas que por si só entram já em campo com uma vontade enorme de vencer sem receios do que possa ser uma qualquer reação das bancadas.

À luz da Programação Neurolinguística podemos considerar que estes atletas são tendencialmente de “Aproximação” pois motivam-se pelo prazer de jogar e pela intensidade com que os adeptos vivem o jogo, sendo o momento de um golo marcado aquele em que vão poder disfrutar do sentimento de euforia coletiva e de consagração pelo momento alcançado.

Por outro lado, existem atletas que vivenciam outro tipo de sentimentos antagónicos face aos ambientes de alta pressão em redor de si.
São atletas que normalmente não lidam bem com a pressão dos adeptos e opinião publica e que ao mínimo falhanço e consequente reação negativa das massas, quebram emocionalmente e em muitos casos não recuperam de forma a darem um contributo válido à equipa, ainda nesse mesmo jogo.

A vertente mental é em ambos os cenários fundamental, tanto para potenciar esses ambientes a favor do atleta ou por outro lado para deitar por terra qualquer bom desempenho que seria espectável atingir.
Os chamados “filmes mentais” que ocorrem na cabeça do atleta induzem no mesmo, comportamentos dentro do campo que por sua vez estarão alinhados com o resultado final de um qualquer gesto técnico.
Pensamento induz comportamento que por sua vez se reflete no resultado físico da atividade propriamente dita.
O que acontece na maioria dos casos do segundo cenário, é que o atleta prevendo qual o ambiente que vai encontrar quando entrar em campo, começa a imaginar na sua cabeça a reação dos adeptos no caso de falhar o golo certo ou mesmo um passe errado. Imaginar algo a correr mal e consequente reação negativa dos adeptos, será mesmo “meio caminho andado” para que as coisas corram mesmo mal ao nível do comportamento técnico do atleta.

Posto isto como resolver este desafio no caso dos atletas mais vulneráveis ao nível da dimensão mental?

Para além de outras técnicas que podem ser adquiridas nomeadamente no âmbito da PNL, um acompanhamento personalizado de um Coach para o Alto Rendimento Desportivo pode ser fundamental para ajudar a trabalhar esta vertente mesmo antes da entrada para o campo e para aquele jogo decisivo em que as atenções estarão completamente viradas para o resultado final e em que as massas adeptas e opinião publica estarão com certeza a dissecar ao pormenor todo o comportamento individual e coletivo de uma Equipa.

Tal como se treina o Corpo, também a mente deve ser treinada!

Tudo começa mesmo antes da entrada no recinto desportivo. É fundamental o atleta abstrair-se do que vai acontecendo fora das 4 linhas mesmo naquilo que são os comentários de “Treinadores de Bancada”.
É importantíssimo o Atleta saber o que quer para esse jogo, definir objetivos individuais e de equipa claros e imaginar tudo isso acontecer e a correr bem; trata-se de um trabalho que deverá ser feito antecipadamente e que bem estruturado dará a força mental que se vai refletir a nível físico, promovendo comportamentos técnicos que vão potenciar resultados de acordo com os objetivos traçados e tudo isto independentemente do que se passa à volta.
Se este “trabalho” for bem feito não existirá atmosfera mais hostil que se torne um obstáculo para um objetivo claramente bem definido.
Outra estratégia é assumir o ambiente que vai encontrar e ajudá-lo a resignificar a forma como ele sente, ouve e vê o que se passa e a transformar algo normalmente limitador em algo altamente potenciador do seu desempenho.
Ansiedade antes de entrar em campo é uma realidade tratando-se de um estado mental que surge devido à incerteza que o atleta tem relativamente ao resultado final, ao seu desempenho e ao receio das possíveis reações negativas.

Criar certeza naquilo que será o seu desempenho passa por ter um acompanhamento individual que ajude a projetar na cabeça do atleta tudo o que ele deseja de positivo e não o contrário.
Entrar em campo com toda a confiança e força para que a mente ajude o corpo a fazer a sua parte: gestos técnicos de qualidade que potenciem e aumentem a probabilidade de melhores resultados finais.

A Pandemia retirou durante 2 anos, este fator dos eventos desportivos, no entanto o mesmo está de volta e convém estar preparado.

 

Álvaro Magalhães – Consultor IHTP e Manager da Academia de Desporto

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