A educação deve ser acompanhada de amor e firmeza, sendo que esta firmeza caracteriza-se por ter limites, regras e disciplina.

Este outro lado da balança para além do carinho, traz estabilidade e segurança e é imprescindível para o sucesso da educação. Caso contrário, estaremos a educar num barco à deriva.
Compreende-se que para algumas pessoas seja desconfortável impor limites e dizer não, até pelas reações que muitas vezes essa palavra acarreta, mas faz parte da educação e do crescimento!
Ninguém gosta de ser contrariado ou corrigido, mas é possível os educadores (onde estão incluídos os pais ou qualquer adulto que seja a referência e tem a criança ao seu cargo) saberem lidar com essas reações, perceber esses comportamentos (antes e depois do não) e comunicar de forma a que as crianças percebam que nem tudo é um sim.

A vida não é feita de um sim constante!

É preferível prepararmos as crianças e os jovens para essa realidade do que estarmos a criar adultos frustrados e tristes por não saberem receber, interpretar ou procurar outras oportunidades com um não.
Quem está a crescer e a ser educado precisa de perceber esses limites para ter consciência do que está certo ou errado e porquê. Por isso também é muito importante educar empaticamente e dialogar. Não basta dizer “É não porque eu mando”, “ É não porque é não” ou “É não porque eu disse”!
Pode confundir-se a presença de um não e a firmeza com autoritarismo mas são coisas totalmente diferentes, porque a ausência de limites e regras pode levar à permissividade absoluta e a um descontrolo na educação.
O que queremos e desejamos é um equilibro entre estas duas vertentes onde o “não” e o “sim” fazem parte da vida, e é esse equilibro que traz uma educação e desenvolvimento saudáveis.
Qualquer pessoa durante a sua vida tem de saber lidar com os “nãos” e isso deve começar desde muito cedo de maneira a que tenhamos um adulto mais preparado no futuro. Nesse sentido estamos a ajudar também a cultivar a resiliência, a alimentar a capacidade de foco nas soluções e não nos problemas sempre que surja um obstáculo ou desafio.
Além disso, existem várias formas de dizer não que devem ser aplicadas de acordo com as circunstâncias e pessoas.
O que é eficaz numa determinada situação ou pessoa pode não ser para outra, mas podemos todos reunirmo-nos de conhecimento e ferramentas para aplicar e utilizar no acompanhamento e educação de uma criança ou jovem.
E se dissermos não sem dizer não?
É possível utilizar, por exemplo, perguntas na nossa comunicação sem um não ou frases alternativas que significam a mesma coisa, mas sem um não. E essas opções levam a refletir e a pensar nas consequências das ações e no seu impacto. Alimentam a autorreflexão. Uma reflexão pode fazer com que um comportamento menos bom não venha a acontecer ou não se repita. É possível suavizar, através da nossa comunicação, o desconforto de algumas palavras, independentemente do desconforto da situação.

E se vai ser sempre perfeito? Não! E se nos vamos sempre lembrar desta ou daquela ferramenta que aprendemos? Não! Porque nós também não somos perfeitos, mas está ao nosso alcance e pode tornar-se um bom hábito com a prática e treino. É possível aprender e isso vai contribuir para relacionamentos e pessoas mais felizes.

O primeiro passo? Parte mesmo de quem educa. O primeiro passo, acima de tudo, é mesmo o exemplo e ter a humildade de querer aprender, evoluir e ser melhor.
Devemos educar para pensar! Mas claro que isso exige de quem educa que também aprenda e pense!

Sara Gonçalves
Consultora e Coach I Have The Power

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