Delinear objetivos para manter a motivação na escola
Importância dos objetivos para alcançar a motivação
Embora o tema deste artigo seja sobre o percurso escolar, arriscar-me-ia dizer que podemos generalizar a importância dos objetivos para alcançar a motivação na escola, em qualquer tarefa que queiramos realizar, quer na nossa vida profissional quer pessoal.
Mas centremo-nos no ensino e no percurso escolar, tema deste artigo. Uma das expressões mais frequentes que vou ouvindo por parte de alunos e jovens que conheço, desde há uns bons anos a esta parte, é “não tenho motivação para estudar”. E acredito que o leitor conheça, seguramente, vários jovens a quem esta expressão também se aplique. A motivação para algo remete-nos diretamente para perceber o “motivo” que leva (ou não!) à “ação”. E a maior parte dos jovens, de facto, não tem um motivo que os faça estudar e, por isso, encontramos a tão famosa desmotivação (a falta de motivo para agir).
A forma como se aborda a questão da motivação pode ser um pouco diferente dependendo da idade. Se abordarmos a faixa etária dos 10 anos, 5º ano de escolaridade, encontramos crianças que ainda querem (e devem!) brincar muito. Motivá-las para estudar implica que percebam o motivo para tal, e as portas que lhes vai abrir no futuro. Se desde tenra idade forem percebendo isto, através dos pais, chegará a um ponto em que a forma como encaram a escola é totalmente diferente, e de forma muito positiva.
O jogo da recompensa ajustada ao objetivo
A motivação deve ser conseguida jogando com penalizações e recompensas, ajustadas à idade e ao objetivo. A recompensa deve sempre ser algo que queiram de facto (que pode ser de natureza variada: um almoço com os amigos, aquela bolsinha que tanto queriam ter ou o jogo da PSP; resumindo: aquele motivo que leva à ação).
O principal conceito que deve ir sendo construído nas mentes dos jovens é que para terem algo têm de se esforçar, que o esforço traz resultados que nos dão prazer e que não obtemos nada de mão beijada. Os pais assumem aqui um papel fundamental, como é percetível, pois toda a sua atuação e comunicação deve ser congruente com aquilo que querem que os seus filhos se tornem.
No 10º ano, o peso que as notas/médias assumem para o prosseguimento de estudos, para alguns é motivo suficiente para que a ação naturalmente comece a surgir. Para outros não. Mesmo no ensino superior, encontramos alunos perfeitamente focados e noutros ainda se manifesta desmotivação e falta de objetivos.
A partir do 10º ano, considero fundamental “o sonho” começar a ter forma, fomentado pelos pais. Um jovem no ensino secundário deve já em si ter incutido que tem uma voz decisiva naquele que será o seu destino. Não deve andar à deriva da vida; mas sim guiá-la. Pode não saber exatamente ainda o que quer ser, mas deve acreditar e saber que pode ser o que quiser, na medida do que quiser, já alicerçado do conhecimento que nada surge de mão beijada e que o trabalho e esforço geram resultados.
A vontade e o desejo movem o céu e terra
Deve sonhar e descobrir o que o “faz levantar de manhã”, podendo até às vezes ser algo “diferente” ou “esquisito” daquilo que tradicionalmente conotamos de “normal”. A definição de objetivos, com as devidas recompensas, como acima foi explicado, aplica-se obviamente também nesta faixa etária, e inclusivamente no ensino superior.
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Os pais devem representar a liderança pelo exemplo e, portanto, devem trabalhar também os seus sonhos e objetivos, querer sempre melhorar e aprender, pois isso naturalmente passará para os filhos, que de forma natural tentam “imitar” os seus pais.
O Coaching, celebrizado inicialmente na área desportiva, e hoje de utilização amplamente difundida, surge como um processo que permite a um jovem definir, refletir e com nitidez definir o seu sonho, de forma a que, de forma natural, o motivo e o “porquê” de estarem a estudar se vá dissipando, dando lugar a uma vontade e a uma razão muito fortes para obterem algo que querem. Aliás, sabemos isto desde cedo nas nossas próprias vidas. Todos nós nos lembramos certamente de algo que quisemos muito e ainda hoje conseguimos sentir a força com que movíamos céu e terra para o conseguir. É isto que os jovens necessitam sentir também; e quanto mais cedo começarem a ter este tipo de pensamento e consciência, mais fácil será todo o seu percurso escolar.
Sara Paiva
Consultora IHTP e Professora no IPVC
Parabéns Sara pelo teu artigo