Liderar: O primeiro passo deve ser a autoliderança!
Liderar é um termo que está na ordem do dia, tanto em contexto empresarial como familiar ou até entre amigos. Quando o tema é a liderança, devemos lembrar-nos de que a célula mais pequena e elementar passa pelo indivíduo.
Assim sendo, para melhor comandar uma equipa, projeto ou atividade, a autoliderança é crucial. Isto porque, através dela, conseguimos alcançar melhores resultados.
De entre várias opiniões, a autoliderança é a capacidade que um indivíduo tem de influenciar os seus próprios pensamentos, emoções e ações. Tal acontece de forma intencional e com o intuito de atingir um objetivo específico.
Ter consciência é essencial para saber liderar
Para se poder liderar a si próprio de forma eficaz e eficiente, há certas características que devem ser desenvolvidas. Uma das mais importantes é, sem dúvida, a consciência.
Desde logo, é necessário saber o que realmente quer, de forma específica e clara. Nesse sentido, o primeiro passo na fórmula do sucesso implica ter consciência de que está a correr em busca do próprio sonho.
Nos dias de hoje, corre-se um grande risco, que é andar às voltas, sem foco. Adicionalmente, existe a possibilidade de estar a seguir o sonho de outros, em vez do seu. A consciência dos próprios valores e capacidades e das consequências de atingir ou não um objetivo ajuda a defini-lo com assertividade quanto à sua dimensão, tempo estipulado, caminho a seguir e recompensa obtida.
Liderar é ter a consciência do que se faz a cada passo e de como cada um contribui para o objetivo final. Tal faz com que a ação seja feita da melhor maneira possível.
Discipline-se para liderar melhor
A disciplina é determinante para desenvolver a autoliderança. O tema, que é uma arte em si, tem muito que se lhe diga quando estudado em detalhe. Em resumo, ser-se disciplinado é dar uma ordem a si próprio e, sobretudo, executá-la.
No que toca à autoliderança, interligando virtudes e defeitos, a disciplina é mais facilmente cumprida quando está ao serviço de um objetivo. Com efeito, é mais eficaz quando os pensamentos, emoções e ações são associados aos resultados que se pretende atingir ou evitar.
A disciplina sai fortalecida quando se insiste de forma consistente numa ação, de tal maneira que esta acaba por se transformar num hábito. Depois disso, manter o comportamento torna-se mais fácil do que no início, pois já passou a ser normal, ou seja, o hábito já faz parte da pessoa. É, por exemplo, como colocar um carro parado em movimento. A energia necessária para o arranque é superior àquela exigida para o manter em andamento.
Liderar também é saber adaptar-se
Outra característica fundamental para desenvolver a autoliderança é a capacidade de adaptação. Além da consciência dos objetivos e da disciplina para executar as tarefas necessárias, facilita ser-se adaptável e flexível na abordagem.
Às vezes, acontecem coisas que não conseguimos resolver ou que não estavam previstas. Pode ser que se tenha feito uma avaliação errada da situação e seja necessário mais tempo que o estipulado. Até poderão ser precisos outros recursos não previstos. Uma adaptação razoável, minimizando estragos e transformando problemas em oportunidades, só é possível com uma avaliação e registo do avanço. Só se sabe que se está na estrada e direção certas quando se conhece o caminho. Só assim é possível saber quais os marcos que alcançamos no percurso.
Resistir sem se deixe levar pelas críticas
Mais cedo ou mais tarde, vão aparecer “buracos”. Alguns serão críticas, opiniões ou sugestões mal-intencionadas. Assim, embora a resiliência seja uma aliada neste caminho, deve ter um “escudo à prova de balas” para se proteger. Em determinado momento, o mesmo pode fazer a diferença entre quem resiste ou quem fica pelo caminho.
Ter foco e o objetivo sempre em mente ajuda a atravessar os momentos mais difíceis. Por exemplo, no Karaté, não basta ser bom tecnicamente e golpear o adversário. É preciso conseguir suportar impactos e não baixar a guarda nos piores momentos do combate. Acima de tudo, tem de se manter a vitória em mente.
As opiniões são mesmo isso: opiniões. Os chamados treinadores de bancada são sempre excelentes fora de campo com os jogadores da equipa adversária. Mas um bom treinador é aquele que consegue liderar a equipa com uma estratégia, independentemente da opinião dos outros.
Uma vez, numa formação, ouvi algo que me marcou: “Quando a nossa voz interior é mais forte do que todas as vozes exteriores, então dominamos a nossa vida”!
Um bom exemplo da importância da autoliderança
Vejamos um caso prático, numa área em que saber liderar é fundamental. Falemos da carreira militar, com o exemplo de um jovem que quer entrar nas Forças Armadas Portuguesas.
Primeiramente, consciencializa-se de que pretende entrar no Exército e sabe exatamente qual o posto que quer atingir. Determina, desde logo, que a entrada deve acontecer no ano seguinte. Nesse sentido, sabe que ações tomar para cumprir os seus objetivos. Deve, por exemplo, começar a acordar todos os dias às 5 horas da manhã para treinar.
Este jovem tem a disciplina de acordar à hora estipulada, estudar um plano de treino e executá-lo, custe o que custar, faça chuva ou faça sol. Haverá manhãs em que está cansado ou dormiu pouco. Noutras, pensará nas palavras dos familiares e amigos que não acreditam que consiga. Contudo, continua e desenvolve um escudo à prova de balas contra o negativismo. Resiste até se tornar um hábito e acordar às 5h mesmo sem despertador.
No entanto, depois de algumas semanas, sente demasiado cansaço e avalia o seu desempenho. Percebe que tem de alterar a metodologia de treino. Contudo, o objetivo mantém-se e continua a preparação. O foco permanece presente e o elo de ligação para continuar em busca da autoliderança é a atitude.
Ao encarnar o papel que pretende alcançar, passa a viver no presente com a postura do que espera fazer no futuro. Chega finalmente o dia das provas. Dá o máximo e mostra os resultados dos treinos: preparação física, mas também mental.
O esforço e a dedicação são recompensados
Passaram-se várias semanas. Das mais de mil pessoas que concorreram a pouco mais de 100 vagas, centenas são excluídas. O jovem em questão, ao consultar a listagem com os resultados, vê que entra para frequentar o curso desejado. E não só entra, como também o faz na primeira posição.
Antes de poder, quem sabe, comandar um pelotão, este jovem aprendeu a liderar a sua própria vida através de quatro pontos fundamentais:
- Consciência
- Disciplina
- Capacidade de adaptação
- Atitude
Termino com uma expressão de Paulo Coelho que, sendo aplicada a várias situações, encaixa na autoliderança que nem uma luva: “Quando deseja alguma coisa, todo o universo conspira para que consiga concretizar o seu desejo”. A arte de saber liderar começa com a autoliderança!
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Edgardo Lopes
Sargento do Exército Português
Consultor IHTP Academia de Liderança