Líder num clube desportivo ou numa empresa: Que diferenças?
O líder de um clube desportivo, o treinador, e o líder de uma empresa, o gestor, devem adotar posturas semelhantes? O que é que o desporto ensina que pode ser aplicado nas empresas? O que podemos trazer do meio empresarial para a atividade desportiva? A resposta a estas questões encontrei-a há 15 anos, quando tive o meu primeiro contacto com o treino desportivo, em simultâneo com o início da minha carreira profissional na indústria, mais concretamente na gestão de equipas.
A experiência como treinador de jovens num desporto altamente intenso e vivido com enorme espírito competitivo ensinou-me algumas coisas que apliquei na atividade industrial. O mesmo aconteceu, mais tarde, no sentido inverso.
Numa fase inicial, a formação de jovens atletas deve focar-se na melhoria da execução dos diversos gestos técnicos, em detrimento do impacto que esse processo possa ter nos resultados finais dos jogos.
O erro de muitos treinadores é mesmo esse. A ânsia de obter resultados desportivos leva-os a acelerar passos intermédios muito importantes na formação de jovens. Inicialmente, essa aposta poderá traduzir-se em resultados desportivos, mas, a médio prazo, poderá ser fatal para o seu crescimento.
Nas empresas, acontece algo semelhante. A necessidade de ter os colaboradores a operar rapidamente leva a uma precipitada colocação dos mesmos em postos de trabalho críticos. Para fazer face a necessidades imediatas de aumento de produção ou a saídas inesperadas, estes não recebem o devido acompanhamento e suporte. Assim, os indicadores de qualidade são afetados sem que os líderes percebam a razão.
Líder e equipa: Uma relação pautada pela transparência!
As crianças e jovens têm um nível de exigência e relacionamento com o líder diferente de um adulto. São genuínas, não escondem as suas expectativas, frustrações e desacordo com o treinador. Dizem o que sentem, sem receios.
Há que saber estar preparado para as suas intervenções, que surgem“sem aviso”, e para responder à altura, sem criticar. É fundamental assegurar o nível de pedagogia e respeito que a relação exige e não “castrar” de vez a transparência, necessária no processo de empatia mútua.
A participação dos jovens no treino está dependente da sua motivação. Esta, por sua vez, é influenciada pela maneira como o treinador reage às suas intervenções. Porém, nas empresas, mais concretamente na indústria, os adultos têm uma forma menos previsível de se relacionar com os líderes.
Existem colaboradores que têm receio em assumir o desacordo, há quem não hesite em fazê-lo e há ainda aqueles que apenas demonstram o que sentem aos colegas, nas “costas” do líder. Cabe ao responsável pela liderança “ler nas entrelinhas” o ruído que possa estar a ser gerado no interior do grupo.
Liderar crianças ou adultos: Duas realidades distintas!
Ao contrário do que acontece quando se trabalha com crianças, o líder de uma empresa tem que lidar com um determinado nível de imprevisibilidade, impercetível na maioria das vezes, e com o facto de não saber o que sentem alguns colaboradores em determinados momentos. De certa forma, tem de estar preparado para “ir ao encontro” do sentimento da equipa ou de alguns dos seus elementos.
Para um líder que não gosta de enfrentar e resolver este tipo de situações, é preferível adotar a chamada postura “avestruz”. Mas com as crianças isso é impossível! Estas ensinam-nos a encarar problemas e a lidar com egos, comportamentos imprevisíveis e palavras ditas fora de tempo. Preparam-nos para saber enfrentar, a qualquer momento, o que muitas vezes não queremos. Mas não dá mesmo para virar costas e deixá-las sem resposta. As crianças são genuinamente exigentes e os adultos são imprevisivelmente exigentes!
A analogia entre o desporto e a atividade empresarial é um tema que voltaremos a abordar em breve. Subscreva o nosso blog e não perca nenhuma publicação. Se a liderança é um tema de interesse para si, faça o download gratuito do nosso ebook.
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Álvaro Magalhães
Consultor IHTP Academia Desporto
Completamente de acordo. Muito bom.
Excelente artigo Álvaro!
Aplico a metodologia sugerida tanto no meu treino físico como na minha empresa.