Autoconfiança: Como ajudar o seu filho a sentir-se confiante?
A autoconfiança dos filhos é uma das grandes preocupações dos pais de hoje em dia. Além disso, trata-se de um tema que levanta muitas dúvidas.
Há pouco tempo, uma mãe perguntava-me como poderia ajudar o seu filho a tornar-se mais confiante. Resolvi, por isso, partilhar consigo duas sugestões muito simples que poderá pôr em prática enquanto desfruta do crescimento saudável do pequeno.
Afinal, o que significa ter autoconfiança?
A confiança trata-se de um estado mental. Representa a forma como eu me sinto (mentalmente) para fazer algo. Desse modo, está relacionada com qualquer habilidade ou competência que possa ser colocada à prova.
A autoconfiança trabalha-se desde os primeiros anos de vida
Recorda-se quando o seu filho estava a aprender a andar, a dar aqueles primeiros passos? Sem dúvida, estes são momentos bastante emocionantes para os pais. No entanto, repare no comportamento dos progenitores.
Nesta fase, cada passo dado é celebrado como se de uma vitória se tratasse. Além disso, cada desequilíbrio ou queda é sempre seguido de um reforço verbal positivo para se levantar e continuar. Ainda que possa haver lágrimas de dor, os pais animam a criança para que continue a dar mais passos. Apoiam-na até que, finalmente, consiga equilibrar-se o tempo suficiente para caminhar livremente pela casa. Este comportamento é importante para a construção da autoconfiança das crianças.
Mudança de atitude à medida que os filhos crescem
À medida que a criança vai crescendo, o entusiasmo dos pais pelas pequenas conquistas dos filhos vai diminuindo. Consequentemente, cada vitória passa a ser assumida como um dever da criança e não como uma conquista suada.
A autoconfiança é posta em causa quando se passa a prestar mais atenção aos comportamentos “negativos” dos filhos. Além disso, a insatisfação é demonstrada de forma mais intensa do que aquelas pequenas vitórias do dia a dia. Tal sucede principalmente ao longo do percurso escolar, fase em que os miúdos sofrem mudanças físicas, emocionais, sociais e culturais.
Na prática, o comportamento dos pais inverte-se. Assim, quando o filho tem um excelente resultado ou atitude, é como se cumprisse o seu dever. No entanto, quando tem um comportamento, atitude ou resultado negativo, é como se um vulcão entrasse em erupção. Sobre ele é feita uma descarga emocional que pode ser prejudicial à sua autoconfiança.
A geração de um círculo vicioso
A partir daqui, a autoconfiança que a criança foi conquistando nos primeiros anos de vida vai sendo substituída. Ao medo de errar acrescenta-se o receio em relação ao que os pais poderão dizer quando souberem. Dessa forma, nasce um círculo vicioso.
O medo de errar leva a que a criança/adolescente possa experienciar dois comportamentos opostos:
- Tendência para arriscar menos ou pensar que nem vale a pena fazer algo, porque não vai conseguir;
- Comportamento disparatado, com o objetivo de receber a atenção dos pais. Visa, assim, “esconder” o verdadeiro “problema”: o medo de ser inferior aos seus colegas.
A partir deste momento, os resultados que advêm da sua ação (ou inação) são inferiores ao que os pais (e ele próprio) desejariam. Isto apenas vai contribuir para um mal-estar em casa, com os pais a criticarem os seus resultados (ou comportamentos).
Como podemos alterar este círculo vicioso?
Em primeiro lugar, os pais devem sentir-se mais confiantes em si mesmos. Isto porque muita da falta de autoconfiança dos miúdos advém do comportamento (e não das palavras encorajadoras) dos pais.
Ao pensar que o seu filho não consegue e não aprende rápido ou ao compará-lo consigo (dizendo que, na mesma idade, também não conseguia), não estará a ajudar. Simplesmente, levá-lo-á a preencher as suas próprias expectativas. Chama-se a isto Efeito Pigmaleão.
Para ajudar o seu filho a sentir-se confiante deve, pelo contrário, verbalizar o seu apoio. Por exemplo, quando este tiver um desafio pela frente, acredite que vai conseguir ultrapassá-lo. Diga-lhe isso mesmo e aja exatamente da forma como um pai/mãe que acredita agiria. Isto porque, às vezes, os pais dizem que acreditam, mas a sua linguagem corporal comunica exatamente o contrário.
O segredo para a autoconfiança está no feedback
Após o esforço do seu filho por ultrapassar o desafio em mãos, reconheça o empenho e a atitude. Festeje com ele, como se a sua equipa favorita tivesse marcado golo. No entanto, se não tiver sido bem-sucedido a alcançar os objetivos desejados, apoie-o. Incentive-o a voltar a tentar e a perceber que, da próxima vez, conseguirá.
Seguindo estes dois passos muito simples, ajudará a inverter o círculo vicioso. Certamente, contribuirá para o aumento da autoconfiança e da felicidade do seu filho.
Nelson Ramos
Consultor IHTP Academia de Educação